Desde a pré-história, os tecidos foram fundamentais para a  história do homem. No Egito, os faraós eram embalsamados com o linho,  símbolo de poder e riqueza. Na Mesopotâmia, a lã ganhou importância, com  a domesticação de carneiros e ovelhas. Saiba um pouco mais sobre cada  um desses períodos a seguir.
 4000 a.C.: Linho Mesopotâmia e Egito 
  Da família das lináceas, o linho é um dos tecidos considerados mais  nobres na história da moda, por sua tradição. No Egito antigo, os faraós  eram embalsamados com o linho, o que era um símbolo de poder e de  riqueza. As planícies do rio Nilo servem de leito para o linho há  milhares de anos.
 Segundo  Dinah Bueno Pezzolo, o tecido vestia faraós e rainhas  egípcias e, quando plissado, ficava ainda mais gracioso e belo devido à  transparência de sua textura fina. O fio nobre se espalhou pela Europa  graças aos fenícios, comerciantes e navegadores ilustres que o levaram  para a Irlanda, a Inglaterra e a Bretanha. No entanto, foram os romanos  que iniciaram o cultivo no norte europeu.
  De acordo com Gilda Chataignier, o linho já prenunciava pinceladas de  moda na Antiguidade (ainda que o conceito só tenha se definido no fim  da Idade Média), pois o linho branco era usado para realçar as suntuosas  joias dos faraós, reis e rainhas. Nascido em planícies áridas, o linho  conquistou o status de fibra nobre, por seu toque macio e delicado.
 Lã  Mesopotâmia
A Mesopotâmia (atual Iraque) foi pioneira na domesticação de carneiros e  ovelhas, essenciais para a trama das lãs. Antes da Mesopotâmia, porém,  os povos nômades já usavam a lã, mas de uma outra maneira: na Idade da  Pedra, os homens se alimentavam da carne de carneiro selvagem e depois  usavam sua pele como agasalho.
   
  Tapetes confeccionados com lã de carneiro
    Escavações arqueológicas na Mesopotâmia, no Oriente Médio, revelaram  fragmentos dos primórdios da lã. Na Idade Antiga, as lãs da Mesopotâmia  se tornaram famosas, passando a circular por centros importantes do  Oriente, até que se tornaram a principal fibra da Europa boreal. A trama  era usada como ornamento nas roupas de diversas culturas do Oriente  Médio e, na Idade Média, conquistaram as cortes europeias.
Atualmente, a lã fina, do carneiro merino, originário da Espanha, se  destina especialmente para alta-costura e prêt-à-porter de luxo.  Enquanto isso, a lã de raça cruzada se volta para peças mais acessíveis  do prêt-à-porter.
          Do Oriente ao Ocidente, o algodão teve forte influência sobre  várias culturas. Já a seda, nascida na China, ganhou fama e se tornou  cobiçada no Ocidente. O trajeto entre China e Roma se tornou a Rota da  Seda, com 7 mil km de extensão, atravessando territórios da Rússia,  Índia, Afeganistão, Paquistão, Iraque, Irã, Síria, Turquia e Armênia.
 3000 a.C.: O algodão  no Paquistão e na Índia
 A Índia e a Etiópia lideraram as primeiras peças tecidas de algodão.  Antes conhecido como “lã de madeira”, “lã de árvore” e “ouro branco”, o  algodão se tornou a fibra mais usada do mundo. O algodão cultivado no  Egito se tornou mundialmente famoso, por ser incrivelmente forte e  macio. Às margens do Rio Nilo, o clima e o solo são ideais para essa  cultura. Assim, o Egito conquistou um capítulo à parte na história dos  tecidos.
   
  Fios de algodão para jeans
    Atualmente, há quatro tipos de algodão para fins têxteis: upland  (América Central e Caribe), egípcio (Egito), sea-island (ilhas no  sudeste norte-americano e ilhas nas Índias Ocidentais, como Barbados) e  asiático (Ásia meridional).
 De acordo com Dinah Bueno Pezzolo, Heródoto dizia no ano 445 a.C.  sobre o que vira na Índia: “Ali encontramos grandes árvores em estado  selvagem cuja fruta é uma lã melhor e mais bonita que a de carneiro. Os  indianos utilizam essa lã de árvore para se vestir”. O algodão egípcio é  considerado o melhor e mais fino do mundo. No século VIII, o linho se  tornou o principal tecido europeu. No século XIII, despontavam as  “batistas”, tecidos finos de linho em vestidos, camisas e roupas  íntimas.
   
  Tecidos amassados em algodão
    Na América, o algodão selvagem era cultivado desde 5800 a.C., segundo  vestígios descobertos em uma gruta perto de Tehuacan, no México. A  fibra era uma fonte importante de recursos para os maias.
 “Assim, muitos antes da chegada dos conquistadores ao novo  continente, o algodão já fazia parte da vida de seus habitantes. Há quem  diga que o fato de Cristóvão Colombo ter visto os habitantes das olhas  de Barbados usando roupas de algodão fez com que ele pensasse ter  descoberto o caminho para as Índias”, aponta Dinah Bueno Pezzolo.
 
2700 a.C.: A seda na China   
  Casulos do bicho-da-seda
    Diz a lenda que uma princesa chinesa apanhou um casulo de uma  amoreira e encantou-se com os fios brilhantes e finos desenroladas das  lagartas. O segredo foi preservado nas muralhas e, tempos depois, seria  descoberta a seda. Assim, o tecido nasceu sob o signo do luxo e do  poder, conquistando logo as atenções ocidentais. A seda foi inventada na  época do Imperador Huang Ti, cerca de 2697 a.C.
   
  Tecidos em estilo oriental
    A Rota da Seda
 Posteriormente, o Império Bizantino (395 a 1453) passou a produzir  uma das sedas mais cobiçadas. Os romanos eram adoradores de seda,  importando-a do Extremo Oriente. De acordo com Gilda Chataignier, o  trajeto entre China e Roma se tornou a Rota da Seda.
 Foi sob a dinastia Han (206 a.C. a 220 d.C.) que a China firmou as  trocas comerciais com o Ocidente, via a rota de 7 mil km de extensão,  atravessando territórios da Rússia, Índia, Afeganistão, Paquistão,  Iraque, Irã, Síria, Turquia e Armênia. A Rota da Seda é considerada a  mais importante ligação comercial e cultural entre Oriente e Ocidente  por centenas de anos – e pode ser considerada uma precursora da idéia de  comércio mundial.
  Na época do Renascimento (1300 a 1650), a descoberta do caminho  marítimo para as Índias ampliaria os horizontes e o Ocidente se  apaixonaria pelo brilho dos tecidos bordados a ouro, das sedas finas e  outras belezas orientais.
 Para Dinah Bueno Pezzolo, a seda tanto pode se mostrar macia e  sedosa, quando cetim, como áspera e armada, quando shantung. “É o tecido  dos nobres, como nobre foi o seu surgimento e como rainha dos tecidos  se mantém”, diz Dinah.